quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Agente View | O Hobbit: Uma Jornada Inesperada



Admito que quando soube que o livro O Hobbit, clássico de J. R. R. Tolkien, teria sua versão para o cinema extendida em três filmes, pensei: vão inventar moda! Tanto é, que diferentemente de 10 anos atrás, quando peguei fila e quase bati palma ao ver Gandalf, Aragorn, Gimli e Legolas cortando cabeças de orcs e descendo a porrada em meio mundo, só fui ao cinema assistir o filme quase duas semanas depois da estreia. Grande erro! Mais uma vez eu repito que em Peter Jackson We Trust! Aos 48 minutos do segundo tempo, no dia 27 de dezembro, posso dizer confiante: O Hobbit foi o melhor filme de aventura/ação de 2012.

Ok. Como você bem deve ter percebido, sou suspeito para falar isso, afinal de contas sou um grande fã do autor e dos livros. Mas quando digo que este foi o melhor filme de aventura ou ação deste ano, batendo inclusive o ótimo Os Vingadores, não é exagero. Até mesmo certos jornalistas deste humilde blog, que já confessaram o desgosto pela obra de Tolkien, irão admitir a grandeza deste filme. Muito disso porque O Hobbit é um livro muito mais simples que O Senhor dos Anéis.



Falando tecnicamente, O Hobbit possui sinais dos modelos narrativos da literatura infantil, o principal deles é o narrador onisciente. Além disso, faz uso de personagens que as crianças se relacionam facilmente. A verdade é que apesar de Tolkien negar que o livro tenha sido escrito especificamente para o público infantil, ele foi idealizado como um conto de fadas e é dessa forma que a maioria dos críticos se refere a obra. É também consenso entre os críticos, que, infantil ou não, a obra é aceita como parte da literatura popular.
 
Neste Pub oxfordiano, Tolkien escreveu a maioria de suas obras
Por que eu disse tudo isso. Para você Didi, que tem dificuldade em entender a Terramédia e toda a loucura que rola por aqueles lados, esta é uma oportunidade. Voltando ao enredo. A história se passa 60 anos antes da grande aventura de Frodo e a Sociedade do Anel. Trata-se de história de seu tio Bilbo Bolseiro, que em um belo dia tem sua vida virada do avesso pelo barbudo mago Gandalf. Na companhia de 13 anões, liderados pelo grande Thorin Escudo de Carvalho, Bilbo encara a missão de recuperar a montanha dos anões das mãos do dragão badass Smaug. E é também nessa trip que Bilbo conhece o garboso Gollum e encontra um certo anel, mais ou menos importante para o resto da saga (aliás, isso sim é saga. Crepúsculo não é saga!).

O filme consegue manter quase todas as características principais do livro. É leve, evocativo e bem humorado. Manteve as canções empolgantes, passagens engraçadas e elementos divertidos. As poucas adições de Peter Jackson à obra são pontuais e dão o ritmo correto à história. A primeira delas, é vital para dar o link necessário aos carinhas que só assistiram os filmes. O diretor mostra Bilbo enquanto começa a escrever sobre a história, momentos antes da sua festa de aniversário de 111 anos (A Sociedade do Anel). Outra surpresa do filme foi a aparição do engraçado mago Radagast O Castanho (citado apenas na trilogia). 

Já quanto aos atores, não poderia haver escolha melhor do que a de Martin Freeman para o papel de Bilbo. Ele é mais conhecido pelo papel como Tim Canterbury na série The Office, mas eu lembro bem da adaptação meia boca do livro O Guia do Mochileiro das Galáxias. Ele ameniza com uma ótima atuação no papel de Arthur Dent. A atuação deste como ator, era mais ou menos o que os fãs da série esperavam de Elijah Wood no papel de Frodo. Destaque também para os sempre geniais Ian McKellen (Gandalf) e Cate Blanchett (Galadriel).

Sobre os atores: não poderia haver uma escolha mais acertada para o papel de Bilbo do que Martin Freeman. Sempre gostei do ator (John Watson, da fabulosa série Sherlock, é muito legal), mas esta é sem dúvida sua melhor interpretação.

Além disso, várias histórias sensacionais são perfeitamente mostradas. A chegada arregaçante de Smaug na montanha dos anões (Erebor), tocando o fervo e explodindo tudo, dá a sensação de medo que um daqueles anões sentiu durante a invasão. O detalhe, é que durante toda a cena, em momento algum, o diretor mostra o dragão! O mesmo assim você morre de medo dele! A batalha onde os anões tentam retomar Moria do orc Azog também já mostra, logo no começo do filme, os cuidados do diretor com as batalhas. Azog, aliás, no livro é um rei descrito por Tolkien em apêndices, e ganha mais estaque como o grande vilão deste primeiro filme. Destaque também para a luta entre os gigantes de pedra e a passagem fantástica na cidade dos goblins.

Aqui que o Tolkien se revirou ao saber das legendas do filme
 "Nossa, Pequeno! Do jeito que você fala, parece que o filme nem tem defeito nenhum". Calma, Didi amigo. Algumas coisas passaram do ponto. A principal delas foi a espada Ferroada, que neste filme, ficou parecendo mais um sabre de luz. Mas o mais revoltante, foi a legenda. Até quando as traduções de Tolkien seguirão sendo feitas por idiotas? Você ouve o cara falando que são goblins e a legenda insiste em chamar de Orc. Também tem gente falando que o filme é muito lento e o ritmo é lento. Para estas pessoas, eu digo: vá assistir Crepúsculo e não encha o meu saco. A história merece esse ritmo cadenciado. É ele que permite admirar a grandeza de detalhes da história.

@pequenoribeiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário